Alentejo e as aves

O Alentejo é uma região situada no cruzamento de ambientes atlânticos e mediterrânicos. As suas paisagens características são fruto da interacção entre os diversos elementos naturais e da utilização humana.

A região apresenta condições ambientais ideais para a presença de uma comunidade de aves residentes complexa e muito interessante, na qual se encontram algumas das espécies mais raras e ameaçadas a nível mundial. Também existe a ocorrência de outras espécies migratórias que enriquecem o património natural.

Formação sobre as regurgitações

Numa terça-feira, a 20 de Novembro, por volta das 14:30, os biólogos Inês Roque e Carlos Godinho do projecto “Aviskola” da Universidade de Évora, disponibilizaram-se para vir à nossa escola, com a finalidade de nos darem uma formação sobre a análise de regurgitações da espécie Asio otus.
Antes de mais começaram-nos por explicar a importância destas regurgitações e a sorte que nós tínhamos em poder analisá-las. De seguida, após fornecermos o devido material de trabalho para laborar as regurgitações iniciou-se a análise.
Inês Roque começou por fazer a triagem das mesmas, explicando-nos que neste primeiro passo tínhamos que ter bastante cuidado e paciência, pois este consistia em separar as regurgitações inteiras das fragmentadas.
Depois da triagem, Carlos Godinho deu-nos orientações para organizarmos as informações: guardámos as regurgitações incompletas para mais tarde analisarmos também os dados destas e compará-las às inteiras e para as regurgitações completas resolvemos numerar caixas de petri para as podermos guardar e não haver mais fragmentações. Mas antes de guardarmos as nossas regurgitações os nossos instrutores ensinaram-nos a pesar e a medir, o qual é preciso ter bastante cuidado e rigor, pois é necessário ajustar o máximo possível e sem amachucar a regurgitação à craveira. Resolvemos assim realizar uma ficha laboratorial, para apontarmos estas informações e organizarmos os nossos dados.
Depois destes passos, onde já tínhamos separado, medido e observado, os formadores explicaram-nos que antes de começar finalmente a analisar o conteúdo das regurgitações tínhamos que as colocar num recipiente com água e deixá-las afundar e só depois retirar e começar a analisar, pois assim estas apresentam-se mais compactas e não há tanto risco de desagregarem. Concluído este método, com o material de trabalho: pinça, máscara e recipientes, começamos a retirar o conteúdo importante da regurgitação:
- Crânios;
- Quitina – insectos, armaduras bocais, asas, carapaça, etc;
- Molares.

No fim da análise completa, guardamos a informação que irá ser útil mais tarde.

A primeira ave


O fóssil mais primitivo de ave até hoje encontrado pertence ao Cenozóico, período Jurássico (há 170-160 milhões de anos), cujo nome científico é Archaeopteryx lithographica. Representa uma evolução dos répteis, aproximando-se das características de uma ave. Aceita portanto a teoria evolucionista de Darwin.

A origem das aves nocturnas

Para descobrir a origem de qualquer classe é necessário recorrer ao registo fóssil. Através de vários estudos, concluiu-se que as aves resultaram da evolução de espécies que inicialmente colonizaram o meio terrestre, nomeadamente um réptil.
Têm sido descobertos vestígios de aves nocturnas de diferentes espécies em todo o mundo, o que permite reconstituir o seu passado e origem.
Os registos fósseis indicam-nos que a primeira ave nocturna foi Ogygoptynx wetmorei, que viveu na América do Norte, no Paleolítico médio (há 60 milhões de anos).
Segundo Walker (1973) as famílias de aves nocturnas existentes actualmente surgiram a partir da evolução de outras espécies durante a segunda metade do Mesozóico (135-70 milhões de anos). Datados do Cretácio Superior foram encontrados na Roménia fósseis com características de Estrigiformes, sendo o ser antigo mais semelhante ao bufo.
Está cientificamente provado que, há 70-50 milhões de anos o clima da Terra era bastante diferente. Na zona do Árctico o clima era temperado e em algumas zonas da Europa, nomeadamente o sul de Inglaterra e algumas partes de França eram caracterizadas por bosques tropicais permitindo a existência de uma grande quantidade de aves nocturnas, estrigiformes. Os fosseis das patas encontradas uma ave muito semelhante ao actual bufo real, em dimensões e características.
Após terem sido estabelecidas as principais características das aves, as suas funções e formas foram-se diversificando. A classe das aves observada actualmente é o resultado de milhões de anos de evolução, desde a adaptação à radiação, à sua dispersão e extinção de algumas espécies.
Verifica-se que o seu papel nos ecossistemas tem variado de acordo, sobretudo às alterações no clima e ao movimento dos continentes.

O que é uma Ave?

O que distingue verdadeiramente as aves dos restantes grupos taxonómicos são as penas, pois mais nenhum grupo animal apresenta penas, sendo estas fundamentais no voo. As aves e os morcegos são os únicos vertebrados capazes de voar de forma activa, pelos seus próprios meios.
Para as aves voarem não basta apenas possuírem asas, visto que há um conjunto de certas características morfológicas, que permitem o voo. As principais características são:
· Ossos ocos e livres;
· Capacidade pulmonar extraordinária;
· Bolsas de ar;
· As aves desenvolvem-se em ovos, fora do corpo da mãe;
· Cauda extensível e relativamente rígida que serve de leme;
· Grande desenvolvimento dos músculos peitorais;
· As clavículas e os ossos pélvicos estão soldados às vértebras lombares.

Estrigiformes

Estrigiformes corresponde a uma ordem da classe das aves, caracterizada pelos bufos, mochos e corujas (existem cerca de 200 espécies em todo o mundo).
A ave estrigiformes é, na maioria nocturna e caracteriza-se pelos discos faciais de penas rijas e curtas em ambos da face. Os seus olhos são grandes e redondos. A sua visão é oblíqua e dirigida para a frente.
Uma das suas principais características é o seu ouvido apurado, que lhes permite descobrir tudo o que se move ou rasteja em seu redor.
A grande parte destas aves (mochos e corujas), apresentam uma plumagem muito macia em tons de castanho e cinzento.
Apresentam um voo silencioso e misterioso, o que lhes favorece as actividades nocturnas.

Breves características do Bufo Pequeno


Mocho de tamanho médio com olhos cor de laranja que saltam à vista, disco facial proeminente e tufos auriculares conspícuos. Parte superior com malhas castanho-claras e castanhas; parte inferior castanho-amarelada, malhada de castanho. Escasso e discreto, desprovido de uma vocalização distinta óbvia. Encontra-se principalmente em velhas coníferas; por vezes forma dormitórios comunitários no Inverno.
Distribuição: Disseminada, embora de distribuição irregular em toda a Europa. os exempelares da Escandinávia migram em direcção ao Sul e ao Ocidente.
Espécies semelhantes: A coruja-do-mato também se encontra nos bosques e é, em grande parte, castanha.